Amanhecer…
Alegre e distraída
Ingênua
Pobre
Quase débil
Acreditando na bondade
Como coisa natural das pessoas
Entardecer…
Desconfiada
Atenta
Cercada por enganos
Descobrindo ilusões
Me isolando
Da ganância alheia
Anoitecer…
Sozinha e triste
Isolada nos meus pensamentos
Chocada com o mundo
Amargo e cruel
Assim chego ao fim
Levando comigo
De ruim, decepções amargas
De bom, as cores do céu
(Eliane Rudey)
Tenho sonhos com você
Sempre eróticos
E acordo assim
Com essa vontade
De falar tudo
E depois
Dormir de novo
Pra continuar no beijo
No abraço quente
Nesse mundo novo
Eli 19.03.2022
Sinto-me em paz
Protegida e segura
Escondida nesse casulo
Cercada pelas sedas
Que filtram meus dias
Na mais completa ausência
De intimidades
Ahhhhh
Essa é minha zona de corforto
Meu legado
É esta floresta imensa
A florada dos ipês
O perfume das paineiras
O doce das mangueiras
Meu legado
São as lutas por igualdade
O grito dos excluídos
A vergonha da truculência
A dor da ignorância
Pra você eu deixo esperança
Todo trabalho pela frente
Manter em pé as árvores displicentes
Manter forte as convicções de resistir
Manter viva a indignação contra dementes
Meu codicilo
Uma terra pra me acolher
Debaixo do flamboyant
Minha morada pra sempre
Entardecer sem nenhuma cor no céu
Deixo a você
Toda beleza da vida
Toda a magia
Do coração acelerado
Todo encanto
Do aprendizado
Todo caos
Da despedida
Toda tristeza
Da partida
Eliane Rudey
Minha vida secreta
Enlouqueceu com o céu azul
Anda construindo castelos nas nuvens
Assoprando palavras
Desnorteadas de essência
Como se pudesse falar
Batucando tambores pra Exu
Inebriada de ritmos
Como se pudesse ouvir
Correndo entre árvores e flores
Extasiada com os movimentos
Como se pudesse andar
Beijando teu corpo ausente
Tresloucada de desejo
Como se pudesse amar
Eliane Rudey
Olhos que se perdem em dúvidas
Quase sempre perplexo a mirar
Ora a beleza, ora a crueldade da vida
Olhos distraídos
Encantados com os movimentos
O simples voar de uma borboleta
Olhos distraídos
Sempre em choque
Com a miséria humana nas ruas
Tudo afeta
Para o bem
Ou para o mal
Os olhos se distraem
Se esquivando da dor
Da humilhação dos dias
Tudo afeta
Para o bem
Ou para o mal
Para o bem
Procurando soluções
Distinguir o belo do cruel
Para o mal
Fingindo não ver os gritos
Para amansar a ira
Olhos distraídos
Seguem em choque
O bater das asas das borboletas
Eliane Rudey
FILHO MUSICALIZANDO
Estaremos ligados
Pra toda a vida
Eu te escolhi?
Ou você me escolheu?
Só sei que desde o primeiro olhar ... eu
Sabia que seria meu pra todo o sempre
Agora
Diante do caos
Sinto medo
Único medo que sinto na vida
De nunca mais te ver
Ver seu sorriso largo
Quando eu, tola, falo besteiras
Querendo te chocar
Ver sua indignação
Quando sou extremista de esquerda
E você acha que tenho de ser flexível
Ver você moldando seus cachos
Sem deixar eu encostar
Porque sempre fico atormentando
Ver você obstinado
Me fazendo cócegas
Enquanto tento escapar em vão
Ver você tocar ukulele
E rever, e rever até anoitecer
Com sua doce voz embalando minhas lembranças
Ver você tentando ser adulto
Com teorias e conselhos de velho
E eu só pensando que tem muita vida pela frente
Quanto ainda vai aprender sem mim?
Eu... lamento tanto
Tudo que não irei ver
Me recuso a me despedir
Sem um abraço
Daqueles que encosto minha cabeça em seu peito
Tão gigante você se tornou aos meus olhos
Olhos molhados
De tanto amor
Tanta saudade
O maior amor que pude experimentar
Obrigada meu pedacinho de gente
Estaremos ligados pra sempre
Eliane Rudey
Pedro Antonio, meu filho, fez a música tendo como letra a poesia A Despedida.
Talvez toda essa conversa
Cheia de reticências
Nos leve...
Livres
Nos aponte...
Pontes
Nos encante...
Lentes
Nos cative...
Ouvintes
Nos inspire...
Flores
Nos acalme...
Gritos
Nos mostre...
Mãos
Nos de esperança...
Criança
Eliane Rudey
