12 outubro 2020

A ESTRADA

Estou a guiar pela estrada.
Óculos escuros filtram
A luz amarela e quente que reflete
Alegria

Entorpecida,
Não sinto minhas pernas,
Ligo o piloto automático
E as lembranças surgem a todo instante,
Contraindo involuntariamente os músculos da minha face.
Sorrio sozinha.

No som,
Led Zeppelim canta “Stairway To Heaven”
Remetendo à década de setenta,
Quando nascemos.

Nascemos para o mundo
E nos perdemos.
Hoje temos esses momentos juntos,
De fuga

Acelero,
Ultrapasso,
Motoqueiros selvagens,
Em sentido contrário.

Entorpecida demais,
Estou a guiar.
Sei onde vou chegar.
É só seguir em frente, sempre.

Mas, a sua boca macia,
Me tira a atenção,
Saio do prumo,
O corpo treme... exaustão!

Fuga,
Ostentação,
Visto-me de carinho,
Não economizo elogios.

Sem reservas, você,
Doa-se para mim.
Translúcido o vejo inteiro.
É um presente generoso até o fim.

Ainda estou entorpecida,
A guiar na estrada.
E todo o verde lá fora,
Parece muito mais bonito agora.

Quero fechar os olhos, mas não posso.
Quero lembrar dos teus,
Intensos a mirar os meus.
O que procura dentro de mim?

Será que abusamos?
Já caiu a ficha?
Estará agora analisando melhor os riscos?
Estará planejando nunca mais me ver?

O que seria da paixão, não fosse o medo?
Medo do outro desistir.
Medo de uma tragédia,
A estrada é feita de inúmeras armadilhas.

Olhar na estrada comprida… o dia claro.
Longas horas a divagar… a cautela.
Trouxeram-me em segurança… a chegada.
O pensamento leve em você... o destino.

Vou desfazer a mala,
Será que o meu vestido guarda vestígios seus?
Marcas das suas mãos ou impressões dos seus lábios?
Eu deveria ter ficado com aquela sua camiseta branca.

A sua essência, meu bem,
Naquela camiseta branca,
É tudo que eu preciso
Pra continuar, entorpecida.
 
 
Eliane Rudey

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem vind@s, fiquem a vontade para comentar.

VENTO FORTE

Não importa  A ventania  Por causa de você  Vou até o fim Sem balançar