31 outubro 2020

CABANA ABANDONADA

Meus pés são raízes da vida real,
Encravados noite adentro 
Na minha aflição.

Meu sombrio dilema:
Me reinventar a noite?
Ou perturbar seu dia?

Hoje,
Sou cabana esquecida no meio do lago
E a solidão de tocaia me abraça.
Presa fácil 
Nos seus tentáculos de palavras afiadas,
Privando minha reação,
Despedaçam-me.

Hoje,
Sou pequenos pedaços soltos no ar,
Pedacinhos de azul atropelando o céu.

E voei
Com os pássaros 
Que brincavam de beijar a luz do sol,
Luz que traduzia em cores
Meu destino,
De uma paixão materializada no vento,
As vezes forte, avassaladora.
As vezes suave, como o respirar.

E voei mais alto
E o aroma que me envolvia 
Era de liberdade,
Que contagiava as flores,
Folhas e qualquer olhar.
E assim, dançamos...
Ao som do silente ventar.

Essa música, tímida e inebriante,
Embalava os fragmentos da minha demência.
Não queria mais ser limitada
Estátua de carne.
E sim, e sempre,
Luz e cor.
E tocar seus sonhos
E estar em tudo no seu olhar.

Uma ação distante
Disfarçada de beijo,
Pra ferir, de forma irreparável,
O meu destino.


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VENTO FORTE

Não importa  A ventania  Por causa de você  Vou até o fim Sem balançar  (Eliane Rudey)