24 outubro 2020

UMA TAÇA DE VINHO TINTO

De tamanco rubro rosa
Desfilei sobre minhas neuras
Esmaguei minhas fobias
Tudo por uma taça de vinho tinto.

Rubra rosa eu,
Fecho os olhos
E ouço seus sussurros à luz incandescente.

Conto a você meus sonhos
E suas mãos grandes desenham 
Pequenos círculos
Em minhas costas nuas
Ações fora de controle
A flor e o espinho
E mais uma taça de vinho tinto.

Uvas: shiraz, carmenère, merlot
Queijos
Petiscos e olhares
E eu
Sempre medindo com beijos
Centímetro a centímetro do seu corpo doce.
Cumplicidades derramadas
Em taças de vinho forte.

Lençóis,
Toalhas,
Chamegos,
Tudo em vermelho intenso:
Amores líquidos por cada espaço da casa
E banhos lentos 
Intermináveis.

Beijos queimando o olhar,
Palpitar e admiração.
Sua poesia sobrecarrega 
Todo um universo em mim,
E mais uma taça de vinho bom.
Declamei corifeu do Vinícius
Você, Augusto dos Anjos
E rimos, o riso sem fim.

No domingo de rasgada solidão
Lavei nossas lembranças
Marcadas em vermelho vivo.
Lembranças de risos múltiplos
Rolhas gravadas com um coração,
Guardadas no fundo do vidro 
Dos desejos proibidos.
Lavei as taças,
e, sozinha, senti a pele ruborizar.


Eliane Rudey

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VENTO FORTE

Não importa  A ventania  Por causa de você  Vou até o fim Sem balançar  (Eliane Rudey)